Terça-feira, 31 de Agosto de 2004

Cadê?

Quem temia uma exposição excessivamente mediática dos novos responsáveis ministeriais pode andar tranquilo. A ausência é a palavra-chave. Alguém conjecturava na blogosfera (lamentavelmente perdi o rasto do local onde esta tese foi congeminada) que a estratégia comunicacional, e não só, deste governo passava pela deserção. Isto é, sem declarações, sem medidas, sem decisões, sem governo, não há crítica, não há debate, não há oposição. Claro que ultrapassamos um período favorável à letargia. Mas áreas há, nomeadamente, no subsector desportivo e educativo, em que a profusão dos motivos exigiam que alguém desse a cara. O final do período olímpico exigia um balanço e uma avaliação séria do que foi feito e do que ficou por fazer. Espero sentado? Se a transmissão televisiva do jogo da final da Supertaça europeia entre o FC Porto e o Valência mereceu um comunicado da Presidência do Conselho de Ministros, seria forçoso que o modelo em que assenta o nosso desenvolvimento desportivo fosse questionado ao mais alto nível. Numa área contígua, a balbúrdia que se instalou no ministério da educação merecia muito mais do que promessas do que o ano lectivo irá funcionar sem problemas. Os profissionais, as pessoas que servem a educação merecem muito mais.
Este quadro pode ser pintado com esta expressão brasileira:
Cadê do Hermínio?
Cadê da Seabra?
publicado por Miguel Pinto às 16:07
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Sábado, 28 de Agosto de 2004

A viagem...

Circulava pela net uma história muito simples. Tão bela que era que decidi adoptá-la dispensando a banda musical intemporal que a acompanhava. Também fala da vida, da profissão. É um retrato e uma estória de professor. Neste comboio em que nos encontramos há uma grande probabilidade de sairmos sem uma oportunidade para partilhar com os nossos companheiros as agruras deste percurso. Não é relevante onde é que se entrou e com quem se entrou. O importante é ter-se entrado até porque essa viagem prosseguirá com ou sem a nossa presença. Durante o trajecto, há quem prefira manter-se calado, dialogar com o parceiro do lado, procurar outro lugar e conhecer outros viajantes. Há quem preferia esquecer que progride como todos os outros. Como na vida ele sabe que não está só.

Cada um de nós saberá como enriquecer a estória, dar-lhe até outro significado. Isto a propósito de um comentário que recebi da Paula. É uma nova companheira de viagem, talvez já se encontre em trânsito há mais tempo que eu. Mas, o que importa é que está aqui, como todos os outros que deixaram a sua marca, como todos os outros que preferiram estar calados. A Paula comenta o texto que se encontra mais em baixo “Opinite” e diz o seguinte: “Deduzo das suas palavras que prefere a compartimentalização rigorosa de todos os saberes ("cada macaco no seu galho"), a ausência de crítica e debate de ideias, o silêncio talvez?... A blogosfera pode ter os seus excessos, mas tornou-se sem dúvida num espaço precioso de troca de ideias, de opiniões (sim, qual é o mal de ter opiniões?!), de experiências pessoais e testemunhos. Eu diria mesmo que se tornou num espaço de resistência. E penso que os debates em torno da Educação constituem um exemplo notável a esse respeito. Esta sua crítica irónica é ela própria parte de uma outra vaga de "opinionite" que agora varre a blogosfera: a dos que, imbuídos de um arrogante sentido de superioridade moral, se acham com legitimidade para criticar os que, num esforço para agitar o ambiente de apatia e pessimismo derrotista que o país atravessa, têm dado muito do seu tempo para apontar problemas, propor caminhos e gerar alternativas. Ninguém é perfeito, todos cometem os seus erros e imprecisões, mas entre o silêncio do conformismo e a troca viva de "opiniões", qual será preferível? O que me parece é que o despertar de um número crescente de consciências - designadamente em relação aos problemas da Educação - está a começar a incomodar muita gente. Sobretudo gente que o que mais deseja é que tudo continue como está...”

Há comentários que dispensam reparos porque pouco ou nada acrescentariam. O melhor será recuperar um texto que escrevi em 2 de Fevereiro do corrente ano. Que me desculpem os companheiros de viagem por esta redundância.
É curiosa a forma como reagimos aos ataques à crise da Escola, ao “modus vivendi” instalado e aos efeitos perversos que a praga de acólitos induz no sistema educativo. Com muita facilidade, encontramos na falta de preparação teórica dos críticos, muitos deles oriundos da comunicação social ou outros que emergem do interior das próprias escolas, um poderoso argumento que é utilizado para desconsiderar a diferença de opinião, reduzindo e circunscrevendo a discussão a um leque reduzido de “iluminados” que, esses sim, por conhecerem os “verdadeiros” problemas da educação estão habilitados a avançar com as soluções milagrosas. Considero que esta via não transformará as escolas em lugares mais atractivos e gratificantes. Bem pelo contrário, é cada vez mais necessário encorajar os professores e os restantes elementos da comunidade educativa a expressarem os seus pontos de vista, os seus olhares dirigidos para a Escola, e saber interpretar esses sinais. A crítica doentia ou não deve ser entendida como uma oportunidade de abertura para a mudança. Resta-nos saber discernir os motivos que a suscitam e utilizar, se formos capazes, os instrumentos teóricos necessários para esse desiderato.</em></font>
publicado por Miguel Pinto às 22:17
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Procuram-se...

... trabalhos científicos que demonstrem:
A péssima qualidade dos alunos que concluem o ensino secundário;
A péssima qualidade dos recém-licenciados;
Que a profissionalidade dos professores (de todos os graus de ensino) evolui no sentido da degradação científica e pedagógica;
Que o actual modelo de gestão das escolas básicas e secundárias (“democrático”) faliu.

O objectivo desta busca é a consolidação das crenças que tomaram de assalto uma parte da “imprensa de referência” e desbravam o caminho do mercantilismo educativo.
publicado por Miguel Pinto às 15:37
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Opinite...

Considero que a opinite é uma doença contagiosa. Estende-se, paulatinamente, pelas páginas da imprensa diária, qual vírus mutante que encontra na blogosfera condições ideais para se multiplicar. Ninguém parece imune a este flagelo.

É evidente que foi essa praga que me obrigou a escrever este texto. Não fui capaz de resistir e aqui estou eu. É uma enorme vontade de escrever sobre o que desconheço convencendo-me de que sou um perito na matéria. Como se de uma cólica se tratasse procuro aliviar a tensão desancando nos assuntos do dia. Ontem nos pobres atletas, hoje no professorado, amanhã se verá. Em determinadas fases da doença um texto não chega. Há que desanuviar e deixar fluir a palavra, com mais ou menos veemência consoante a importância do tema. Se ele veio das entranhas sente-se o grito nas entrelinhas. Se germinou nos ouvidos de um mercador a escrita é uma aguarela exposta ao tempo.

Isto a propósito deste texto de João Bénard da Costa e de algumas discussões inacabadas.
publicado por Miguel Pinto às 00:59
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Quinta-feira, 26 de Agosto de 2004

Passar ao lado...

Olhar para o desporto é dirigir um olhar para a vida. Mais do que um reflexo do tempo ele é o próprio tempo. Cada vez mais persistentemente, as manifestações que atentam à dignidade humana e desprezam os valores civilizacionais quando ficcionadas alienam e inibem. Corremos o risco de nos tornarmos meros observadores, como se nada houvesse para fazer, determinística e passivamente. Nesse quadrado da sala, a vida passa por nós. Como se essa medalha nos pertencesse.
publicado por Miguel Pinto às 22:54
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Publicidade fraudulenta?

Haverá uma lógica reguladora do trânsito na blogosfera? Reconduzidos pelo post 190 do blog do Alex os meus ilustres visitantes inabituais encontraram uma página nua... de corpos.
Surpreendentemente, ninguém protestou.
Será que podemos considerar este caso de publicidade fraudulenta?
publicado por Miguel Pinto às 18:47
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Paixão da educação

Paixão da educaçãoserá um blog colectivo sobre educação, sobre o ensino e as aprendizagens, sobre a escola em geral e em particular. O Gustavo parece determinado em avançar com este seu projecto até ao final de Setembro. Por mim, aguardarei por esse novo olhar.
O nome? Bom, o nome é que não me soa lá muito bem. Talvez porque ainda recordo aquela paixonite educativa meteórica de um primeiro-ministro que abandonou o executivo.
Não! Não, me refiro a um primeiro-ministro, poliglota, simpático, palrador, fugidio.
Eram os dois?...
publicado por Miguel Pinto às 17:44
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Professorices

Gostei de ler este texto da colega Eduarda Dionísio.  É a rejeição de um moralismo brejeiro, a denúncia indelével de um sistema educativo à deriva e uma estória de vida (como diria o Manuel).
publicado por Miguel Pinto às 16:06
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Reconfigurações?

A circulação de ideias e pessoas é impulsionada por uma dinâmica social instável. O mosaico global é cada vez mais fluído.
Qual é o sentido da comparação de resultados desportivos, ou outros, usando como critério a nacionalidade do atleta?
Será descabida a expressão atleta do mundo num tempo em que se agitam bandeiras após feitos ímpares nas diversas áreas de actividade social?
Isto a propósito desta notícia do Público:
As crescentes mudanças de nacionalidade de atletas, sobretudo de países pobres para os ricos, preocupam a Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF) e o Comité Olímpico Internacional (COI), que estabeleceram grupos de trabalho para estudar o assunto.
Continuar a ler aqui.
publicado por Miguel Pinto às 13:49
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Quarta-feira, 25 de Agosto de 2004

Protesto

Lamentavelmente, o Sapo insiste em testar a nossa paciência. O acesso à gestão do blog não foi possível durante um largo período. Recorri ao blog irmão Aragem para deixar um texto que será retomado aqui, mais tarde. Pelo que disse e principalmente pelo que ficou por dizer o assunto merece um outro olhar.
publicado por Miguel Pinto às 02:21
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