Quinta-feira, 17 de Junho de 2004

Breve olhar.

Esta entrada  e esta motivou uma “conversa” viva e agradável de um conjunto de colegas. Mesmo que a reflexão conjunta não permita objectivar os resultados, ninguém terá ficado indiferente aos pontos de vista do outro. É crível que a mudança, mesmo que superficial e subjectiva, tenha ocorrido.

RJB sugere uma maior visibilidade aos comentários. É isso que me proponho fazer e acrescentar, aqui e ali, alguns reparos.

pi+2 através do seu comentário tocou num aspecto interessante, susceptível de grandes controvérsias: O dilema do enciclopedismo e da essencialidade no ensino secundário. Diz o seguinte: “O que penso que maioria dos professores do ensino superior (ES) deseja é que os seus alunos oriundos do ensino secundário, em particular aqueles que frequentaram vias não profissionalizantes, seguramente mais estruturadas para o acesso ao ES, possuam um conjunto de conhecimentos e de competências que fazem parte dos objectivos curriculares do ensino secundário. Nem mais nem menos. Um exemplo muito claro para que se entenda o que pretendo dizer: será aceitável que um aluno que entra no ensino superior não saiba redigir um texto em português de forma minimamente estruturada, sem erros ortográficos ou de pontuação? Conhecimentos e competências desta natureza deveriam ter sido asseguradas há muito ao nível dos ensinos básico e secundário. Acha que afirmar isto é remeter o ensino secundário a uma vertente instrutiva? Eu penso definitivamente que não é. Até porque espero muito mais dos ensinos básico e secundário”. Estou certo que o exemplo escolhido não gerará qualquer contestação. Contudo, mantêm-se os problemas conceptuais entre educação e instrução.

Partindo do comentário de MJMatos é possível chegar a outro dilema: o ensino secundário deve ser transitivo ou intransitivo? Deve ser organizado para preparar os alunos para a vida cívica e complementarmente preparar os alunos para o ensino superior? MJMatos diz o seguinte: “Relativamente ao comentário de pi+2, acima, acrescentaria eu que o que é mencionado como uma competência para acesso ao superior a conferir pelo básico e secundário, também é uma competência básica de cidadania. Não penso que seja útil definirem-se os objectivos do básico e secundário em função do superior. Isso é, claramente, redutor do papel daqueles níveis de ensino, criando eventuais conflitos de interesse quando existem, em paralelo, objectivos mais profissionalizantes, As competências básicas de cidadania, essas sim, já me parecem um bom objectivo estruturador”.

Através do comentário de Henrique Jorge chegaremos ao problema da avaliação: Avaliação interna-externa, avaliação selectiva-formativa, exames nacionais-regionais. “Eu coloco apenas uma questão: prescindem os professores do Ensino Básico e Secundário da sua avaliação? Imagino que não. Os exemplos que tenho, até revelam uma tendência para que essa avaliação decorra com o maior poder discricionário possível por parte do próprio professor. Que coisa estranha esta ideia de que mais ninguém deve avaliar os alunos!... Porquê?...”

É evidente que esta discussão não se apagará aqui. Como exorta o Manuel, ela deve continuar na escola, na escola situada, que deve ser transformada no palco privilegiado para acolher a discussão e a decisão. “É esta discussão que procuro e que deve ser promovida em cada escola, saber e debater o que queremos, como queremos e para que queremos. Se esta discussão não acontece no lugar certo, que é a nossa escola, é também certo que alguém nos dirá como fazer e como proceder”.

Se queremos passar da lógica do acesso aos detentores do poder para a lógica da decisão não nos restará outra alternativa.

(Só uma pequena curiosidade, este é o texto 200 :))

publicado por Miguel Pinto às 00:35
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De Henrique Jorge a 17 de Junho de 2004 às 02:02
Caro, Miguel! Porque no texto 201 não falas um pouco da nossa Selecção?!
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De
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