No final do ano lectivo é tempo de balanço. Sem grandes arranjos linguísticos, há que detectar o que correu bem, mal e o que não correu. A actividade lectiva com os alunos do 12º ano será encerrada dentro de poucos dias, embora os alunos prolonguem a sua permanência na escola devido à realização dos exames nacionais.
Os últimos dias foram marcados por este processo avaliativo. Os alunos expressaram os seus pontos de vista em tudo, ou quase tudo, que tem a ver com a vida escolar. Desde a matéria programática (no 11º e 12º anos são os alunos que seleccionam os conteúdos a abordar ao longo do ano bem a propósito da entrada anterior onde se tratava a questão da autonomia), às condições de realização das actividades, ao ambiente de trabalho, às questões afectivas, às expectativas frustradas, aos sonhos feitos e desfeitos (alguns deles ainda não deixaram de sonhar), passando pelos conflitos e a sua gestão, etc. Para além da discussão aberta, franca e partilhada por todos, peço um registo escrito que dê conta de algo marcante. Que mereça ser dito, que mereça ser ouvido. Acompanho estes alunos desde o 10º ano, 6 horas por semana, foram 3 anos de trabalho.
O E. é um aluno reservado, é.... transparente. Não encontro outra expressão que traduza o seu olhar. Não é um aluno brilhante, mas tem o brilho que falta a muitos desses alunos. Quer concluir o 12º ano e sonha continuar a estudar não obstante a dificuldade que tem em cumprir as exigências de cada área disciplinar. No 10º ano, alguns dos seus professores vaticinavam-lhe um curto futuro escolar. Alguns dirão que o facilitismo que graça no sistema educativo permitiu ao E. chegar ao 12º ano. Dizem que se aumentasse a exigência ele não passaria do 10º ano, porventura nem teria lá chegado. Mas chegou, chegou ao 10º ano e prepara-se para abandonar a escola, com o 12º ano concluído (como gostaria de ver a cara desses colegas que se atreveram a conjecturar sobre o seu futuro).
E. abeirou-se de mim, como os restantes colegas, entregou a sua reflexão e recebeu um aperto de mão.

É o sentido humano que me encoraja e que me faz gostar do que faço.
Bem haja, e continue assim.
São coisas destas que fazem sentir que vale a pena o trabalho como professor.
Como te compreendo...nem imaginas! Por "estes lados" é parecido...e depois tenho tendência para ficar deprimida; e ainda continuam as aulas da noite até 16 de Julho...só osso dizer que ando cansada...mas não consigo passar sem os "meus" alunitos...Abraço, WB
Comentar post